O SOL JÁ SE PÔS
O SOL JÁ SE PÔS
Kathléen Carneiro
As minhas mãos estremecem
A pele fria me lembra que estou só
Horas se passaram e você não vem
De mim agora, só sinto dó
Sempre fiz o que me convém
E agora o que me resta é esperar
O sol já se pôs
Quando você voltará?
Com meu auto abraço buscando calor
Me lembro das suas últimas palavras
Ditas com muita dor
De todas as suas falas
Essa foi a mais furta-cor
Não sabia definir se eram duas caras
Ou se era amor
Claro que com um toque de rancor
Mesmo com sua feitoria
Sinto sua falta
Presa nessa memória
Você é tudo o que resta
Provocada por sua discórdia
O ardor em meu peito ressalta
Na sua ausência, solidão
Na sua presença, prisão
Eram doces as suas palavras
Ditas com fervor
Juras e promessas eternas
Hoje servem para me acompanhar
Da saudade, os fantasmas
Das lembranças, as assombrações
Bons tempos eram quando eu tinha paixões
Em minha mente, nunca estamos a sós
Ricardo, meu amor
Reconheço o seu valor
Sinto o abraçar no frio que percorre minha espinha
- Você está aqui?
Antes que meus olhos se fechem pela última vez, ouço você dizer:
- Boa noite, meu anjo!
(Inspirado no conto "Venha ver o pôr do sol" de Lygia Fagundes Telles)
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