PAPO RETO: QUEM FAZ BIBLIOTECONOMIA É O QUÊ?

PAPO RETO: QUEM FAZ BIBLIOTECONOMIA É O QUÊ?

Kathléen Carneiro

    Biblio o quê? Biblioteconomista? Biblioteconômo? Bibliotecário? Essa profissão existe? Mas o que eles fazem? Tem a ver com economia? Precisa fazer graduação para ler? Estudam pra ler e limpar livros? Servem pra mandar as pessoas fazerem silêncio? Cuidam da biblioteca? Mas e se as bibliotecas acabarem, o que eles vão fazer? Virar vendedores de livros?
    Essas são alguns dos questionamentos que muitas pessoas fazem quando falamos que cursamos Biblioteconomia e somos bibliotecários. De maneira sucinta, essa formação tem a duração de quatro anos de estudo, sendo principalmente oferecida em universidades federais. Ela originalmente forma o profissional para atuar em bibliotecas - independente de onde estejam inseridas -, centros de memória, arquivos e museus. Também podemos ver esse mesmo profissional atuando em sistemas de informação digitais, base de dados, big data, inteligência artificial, entre outras Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s). 
    No Brasil, somos milhares de profissionais formados e com registro ativo no Conselho Regional de Biblioteconomia (CRB). Sim, temos um conselho regulador dos nossos serviços e atividades. Ele é tão importante quanto qualquer outro conselho, pois um advogado não pode atuar sem ter passado no exame da Ordem (OAB), e assim é com o bibliotecário que não pode atuar sem ter seu registro ativo no CRB. O processo de inscrição é menos burocrático, mas ele é tão importante quanto o outro.
    A pergunta que não quer calar: o que um bibliotecário faz? Eu sempre pensei que essa pergunta fosse uma pegadinha antes de saber como responder, até que eu percebi que as pessoas realmente não sabem onde e como esses profissionais atuam. Então, com o tempo, formulei uma resposta muito direta e objetiva: bibliotecários trabalham com informação. A ambiguidade dessa pergunta é um tanto quanto proposital, pois tudo é informação, tudo contém informação e outros profissionais também atuam nesse campo. Logo, a pessoa bibliotecária pode atuar com todo o tipo de informação independente do suporte ou formato e está sempre interagindo com os profissionais para alcançar melhores resultados. 
    Para tornar ainda mais claro o raciocínio, vamos pensar que uma pessoa tem vários documentos desorganizados ou ordenados de uma maneira que só ela entende. O bibliotecário reorganiza esses documentos em pastas e seções de forma que esses agrupamentos tenham uma lógica entendível. Essa nova organização proposta pelo profissional tem como foco facilitar a busca por informação dentro dos documentos disponíveis bem como ampliar o acesso. Quanto mais as pessoas compreendem o que está organizado, menos tempo vão gastar procurando a informação que precisam e mais interesse vão ter em fazer novas buscas. No sistema digital o processo funciona da mesma forma. Organizar os documentos em pastas, setorizar e garantir que as descrições de cada campo sejam entendíveis as pessoas que utilizarão aquele sistema. 
    É preciso mesmo quatro anos de faculdade para aprender a organizar coisas? Sim. Toda organização se baseia em alguns conhecimentos básicos. São eles: conhecimentos e formação do público alvo; classificação por meio de sistemas de classificação, taxonomias e tesauros; indexação e catalogação da coleção; compreensão das terminologias específicas da área de atuação; captação de recursos e ampliação da coleção; noções de administração e direitos (principalmente, direitos humanos); normalização e formatação de trabalhos científicos, dentre outros. Não se nasce sabendo usar a CDU, não se aprende a catalogar ou fazer referências no ensino fundamental, assim como não se ensina a fazer levantamento bibliográfico ou as normas técnicas da ABNT no ensino médio – isso é um erro, diga-se de passagem. Então, sim, é necessário estudar quatro anos – e o resto da vida - para fazer um bom trabalho como bibliotecário.
    Por fim, a pessoa bibliotecária está por trás de muitas coisas que pensamos serem simples de fazer ou que é de fácil acesso. Nós buscamos democratizar o acesso a informações que antes eram somente de pessoas mais abastadas para toda a população, independente de raça, gênero, crença e orientação sexual. É nosso dever organizar o caos informacional disponível no século XXI e torna-lo acessível a nossa comunidade usuária. Ser bibliotecário não é somente um compromisso assumido no processo de formação, mas um dever pessoal de minimizar as desigualdades informacionais. 
    Mais alguma dúvida sobre a Biblioteconomia e sua atuação? Precisa de ajuda com alguma demanda informacional? Envie-me suas dúvidas, vamos conversar (@kathleen_carneiro). Agora se você conhece um bibliotecário, converse com ele. Tenho certeza que você terá muito que aprender. 

#KC<3


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