Coletânea: Qual a sua marca?

                                      

                    Quem disse que poemas tem que ser chato?
As pessoas leem poemas e poesias e as vezes acham chato e até ruim. Mas estou aqui para te mostrar meus poemas favoritos, justamente por irem contra tudo o que as pessoas pensam sobre como deveria ser um texto lírico: 


Porquinho-da-Índia
Manuel Bandeira


Quando eu tinha seis anos

Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .




— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.




Bom Conselho
Chico Buarque
  
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade

Vou pra rua e bebo a tempestade


                                     O assassino era o escriba                                        Paulo Leminski 
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.

Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida,

regular como um paradigma da 1ª conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.


                                              As meninas                                                                                          Cecilia Meireles

Arabela
abria a janela.
.
Carolina
erguia a cortina.
.
E Maria
olhava e sorria:
"Bom dia!"
.
Arabela
foi sempre a mais bela.
.
Carolina
a mais sábia menina.
.
E Maria
Apenas sorria:
"Bom dia!"
.
Pensaremos em cada menina
que vivia naquela janela;
uma que se chamava Arabela,
outra que se chamou Carolina.
.
Mas a nossa profunda saudade
é Maria, Maria, Maria,
que dizia com voz de amizade:
"Bom dia"

Pensamos que poemas e poesias são todos iguais, mas com esse pensamento nos limitamos à conhecer grandes escritores e compositores como os apresentados acima. Esquecemos que por trás de todo poema tem uma longa história de vida e de estilos. 
Quem disse que todos tem que ser iguais?
Cada um tem sua marca, portanto, crie a sua!

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